Nos bares da vida por onde andava bebericando, sempre ele "botava" aquela pose de machão, sem medo de ninguém e nem de nada. Naquela noite, alguns dos seus colegas o desafiaram a entrar lá pela meia noite no cemitério. A noite estava fria, chuvosa e ele usava uma capa de gaúcho comprida até as botas.
Meia noite, o gaúcho adentrou o cemitério e ficou por lá passeando, ia até um túmulo e depois a outro , e com a lanterna lia os nomes das pessoas enterradas ali. Medo era uma palavra que não fazia parte do seu vocabulário. Lembrava-se que os avós contavam que há muito tempo um cara morreu de susto quando uma "alma penada" puxou-lhe a ponta da capa, mas ele não, jamais teria medo de quem já morreu. E assim pensando, sentiu um pequeno arrepio nas costas, mas não deu "pelota". Ali adiante viu uma pequena cruz de madeira caída, pensou consigo:
- Oh deve ser o túmulo de uma criança vou pegar a cruz e recolocá-la de pé e enfiou a cruz deixando novamente em seu lugar.
Levantou e ia seguir seu caminho, novamente entre as tumbas, quando sentiu um puxão na sua capa vindo do sepulcro.
As histórias contadas na infância se passaram em sua mente em segundos tal qual um filme. Na manhã seguinte, o zelador do cemitério encontrou o homem morto, com os olhos esbugalhados de horror, ao lado do pequeno túmulo de terra: a ponta da cruz ao ser enterrada, havia engatado na ponta da sua capa.