Duas eternidades
Kate Weiss
[...tio Afrânio diz: Temos duas eternidades, pena que uma seja tão curta...]
do livro: Idades, cidades e divindades do autor moçambicano Mia Couto
Neste sábado de chuvisco e frio, preparando-se para o outono, estava lendo o livro de poesias do Mia Couto, e dei-me conta que nunca estaremos preparados para morrer.
Primeiro, porque deixamos sempre alguma coisa para resolver no dia seguinte, um trabalho, uma conversa mais séria, uma resolução de vida, um regime, uma limpeza nas gavetas.
E, a nossa "eternidade" aqui pode ser bem curta!
Hoje estou aqui feliz esperando minha segunda neta, feliz e realizada sonhando fazer com ela tantas coisas, muitas das que fiz com meus filhos, outras que aprendi depois de tê-los.
Ah! como quero conhecer o rostinho dela, ver se ela se parece com o pai ( meu filho) que acho um homem muito bonito, ou se terá os olhos e o bom humor da mãe minha norinha.
Lembro que minhas irmãs tinham este sonho, e nenhuma das duas chegou a realizar, ser avó. Deus deu-me a oportunidade de conhecer uma delas, a Júlia que é uma mocinha já.
Brinquei muito com ela, ensinei a orar, dormi abraçadinha, e ri muito com ela, quero experimentar isso de novo. Ah! eu mereço.
O dia lá fora esteve feio desde manhã, a noite não será diferente, mas amanhã será uma bela manhã segundo os metereologistas, se tiver amanhã. Para alguns a manhã não chega!
Pena que esta "eternidade" seja tão curta...