HISTORINHA DE GENTE SIMPLES
Kate Weiss
Com um ano e três meses,
fui com meus avós morar,
e o que aprendi com eles,
ninguém pode imaginar ...
Na ânsia de substituir,
a carência dos meus pais,
o carinho , eu não pude medir,
pois o que ganhei, foi muito mais...
Com eles aprendi tudo :
a ver nas nuvens bichos e bonecos,
brincar em árvores, ludo,
brincar de anel e de porta trecos.
De pandorga, soprar flores,
bem -me-quer, mal-me-quer,
vovô com historinhas de horrores,
de um bandido qualquer.
Que procurava criancinhas,
que estivessem na rua.
De medo ia dormir "co'as" galinhas
nem esperava chegar a Lua.
Já minha avó, que eu chamava Nona,
contava histórias mais amenas:
Chapeuzinho que levava pão de banana,
da Nossa Senhora que gosta de crianças pequenas.
Ensinaram quase tudo,
o respeito aos mais velhos,
me mostraram Maria, e um Jesus barbudo,
e o Santo Anjo tinha que rezar de joelhos.
Era muito boa aquela vida,
tinha uma bicicleta, que poucos tinham,
andava de carroça, ajudava na lida,
aprendi a fazer arte e me achava sabida.
Mas tinha uma tristeza
não tinha irmãozinhos,
desenhava com destreza.
mas só podia mostrar p'ros vizinhos.
Os cartões do dia das Mães e dos Pais
que ficavam uma beleza,
eram sempre duplos, e também os dos natais
um era para os "Nonos", o outro não tinha certeza.
Muitas e muitas vezes o carteiro,
trazia de volta, pois eu errara o endereço
e aquele era um dia de berreiro:
- Amo tanto meus avós, que pais eu nem mereço !
Mesmo assim, eu aprendi, a ser muito carinhosa,
e prometi a mim mesma que seria diferente,
para os filhos que tivesse seria mãe presente e amorosa,
e assim foi, meu filhos são mais que filhos são GENTE!
[ AOS MEUS NONOS QUE DIZIAM :
Você ainda vai ser GENTE! ]
( Esta é uma parte da minha história, e tem a outra aquela que aconteceu depois
quando meu pai me buscou e levou novamente para casa, onde esperavam
outros quatro irmãozinhos )
:-)