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07/12/2011 09h22
O caminho de volta (Téta Barbosa)

 

 

 

Já estou voltando. Só tenho 37 anos e já estou fazendo o caminho de volta. Até o ano passado eu ainda estava indo. Indo morar no apartamento mais alto do prédio mais alto do bairro mais nobre. Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda.

Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras. Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!

Mas, com quase quarenta, eu estava chegando lá. Onde mesmo? No que ninguém conseguiu responder, eu imaginei que quando chegasse lá ia ter uma placa com a palavra “fim”. Antes dela, avistei a placa de “retorno” e nela mesmo dei meia volta.

Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo). É longe que só a gota serena. Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe.

Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo. E não é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram quatro vezes em quatro anos), agora vêm pra cá todo fim de semana? E meu filho anda de bicicleta e eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou).

Por aqui, quando chove, a Internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo) abre um livro e, pasmem, lê. E no que alguém diz “a internet voltou!” já é tarde demais porque o livro já está melhor que o Facebook, o Twitter e o Orkut juntos.

Aqui se chama “aldeia” e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama. No São João, assamos milho na fogueira. Aos domingos, converso com os vizinhos. Nas segundas, vou trabalhar, contando as horas para voltar.

Aí eu lembro da placa “retorno” e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: “retorno – última chance de você salvar sua vida!” Você provavelmente ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: “Compre um e leve dois”.  Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta.

(Téta Barbosa, é jornalista, publicitária e mora no Recife).

 


Publicado por Kate Weiss em 07/12/2011 às 09h22
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04/11/2011 22h06
Lendo Clarice Lispector...

" Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustoso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão.Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo salvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso tambem que nao se deve temer seu relinchar: A gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez."

 


Clarice Lispector

Publicado por Kate Weiss em 04/11/2011 às 22h06
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10/08/2011 16h27
Memória

 

'A memória'
 
Luiz Coronel

Epa!
Dona memória,
inoportuna senhora.

Não me venha assim,
arrastando andrajos,
ostentando cicatrizes
sob a blusa.

Vista sua mais louca
fantasia,
cinto dourado
e penachos na testa
para comparecer aos meus salões.

Ria, qual doidivana,
transformando em comédia
pesados padecimentos.

Se quiser vir em comissão
traga o comparsa
cujo rosto me enterneça.

E respeite o silêncio
dos mortos,
seu sono lunar e branca ausência.

Não tente caminhar no escuro
e deixar sobre meus sapatos
empoeiradas culpas.

Ponha calças curtas.
Encha os bolsos de bolinhas
de gude.

Voe com as pandorgas,
namore.
Dance um tango.
Tudo o que a senhora
tenha a me contar
está escrito no meu rosto.

Será que não basta
o álbum de retratos?

Peneire os grãos
antes de ferver meu prato.

O que for lágrima,
desencontro,
envie por sedex
ao país do esquecimento.

Alugue uma bicicleta,
dona memória.

Quero vê-la doida,
fútil e festiva
com um ramalhete
de junquilhos nas mãos.

Jogue fora essa valise
de pesares
que lhe encurva os ombros.

Tire o mofo
da gola do casaco
e perfume seus cabelos
no vento que faz cooper entre
as alamedas da Redenção.

Publicado por Kate Weiss em 10/08/2011 às 16h27
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10/08/2011 11h50
Muito legal

Encontrei este vídeo por ai, os dados do vídeo são: 44 dias, 11 países, 18 vôos, 38 mil milhas, um vulcão em atividade, 2 câmeras e um terabyte em fotos.

É pra morrer de inveja, né? Lembra muito a aventura do meu sobrinho Mike em sua volta ao mundo.

 

 


Publicado por Kate Weiss em 10/08/2011 às 11h50
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08/08/2011 10h14
Pensamento de hoje

 

...

" Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Fui ser feliz, e não volto! "

 

- Caio Fernando Abreu


Publicado por Kate Weiss em 08/08/2011 às 10h14
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